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VIVENDO SEM CARNE – OU MINHA TRANSIÇÃO PARA O VEGETARIANISMO

Falando sobre: Cotidiano
26 out 2016

Antes de começar com o assunto, quero deixar bem claro que essa não é uma postagem com algum tipo de doutrinação, muito menos quero te obrigar a nada. Quero só compartilhar minha experiência num processo que estou passando, ok?
Não sou nem um pouco extremista, acredito que cada um tem direito das próprias escolhas e, mesmo eu deixando de comer carne, meu noivo continua comento dentro da nossa casa e pra mim está tudo bem. Come quem quer, deixa de comer quem quiser também. Nossa amizade continua a mesma, não vá embora por isso, tá bem? 🙂

 

 foto: dc-vegan.com

 

Há muito tempo atrás, eu devia ter uns 18 anos (já tenho 27), estava eu passeando pela Avenida Paulista, em São Paulo, quando uma pessoa me chamou pra ver uma coisa numa tv instalada alí na calçada. Na tv passava um documentário bem violento sobre como é feito o abate de animais para o consumo humano. Eu entrei em choque e, na mesma hora, decidi que não comeria mais carne.

Parei assim, do nada. E do mesmo jeito que parei, voltei a comer tudo de novo. Sim, porque não houve nenhuma transição, eu simplesmente parei e não me preocupei com todos os anos que passei comendo carne e muito menos com quais alimentos eu iria fazer a substituição. Então, depois de uns meses, estava eu me acabando numa churrascaria.

O tempo passou e eu, sinceramente, não acho que chocar com imagens sangrentas foi o melhor caminho pra mim. Adiantou na hora? Sim, mas foi fogo de palha. Não foi uma decisão pensada, foi uma decisão tomada pelo choque das imagens. Então hoje, EU (sim, EU!) acho que conscientizar e deixar as pessoas entenderem sozinhas, tirarem as próprias conclusoões e fazerem suas escolhas é a forma menos invasiva e mais garantida de gerar mudanças.

 

huffingtonpost-ca

 

Bom, independente da motivação inicial, a idéia de deixar de comer carne nunca saiu da minha cabeça. Passei os últimos anos comendo normalmente, mas sempre com aquele sentimento de que talvez eu estivesse fazendo uma escolha ruim para minha vida (de novo, MINHA vida, ok?). Mas é difícil deixar costumes tão enraizados de lado. Deixando mais claro, é difícil sim parar de comer carne, porque é tradicional, porque dá trabalho e porque é gostoso.

Eu cresci numa família que fazia churrasco quase que semanal. Meu pai é das antigas, não gosta de mato no prato, mas gosta de variedade de mistura, ou seja, eu jantava quase que frequentemente arroz, feijão e de mistura, linguiça+ovo+frango ou um combo envolvendo bife ou presunto. Pois é…

Meu pai também fazia o melhor churrasco de todos, então além do costume, comer carne sempre foi uma ação de família e, não posso mentir, é muito gostoso. Churrasco é uma delícia, isso é um fato pro meu paladar.

Mas com o passar dos anos, cada vez mais, comer carne parecia não fazer sentido pra mim. Há 5 anos adotei a Laura e há quase 1 ano, nasceu a Frida no meu coração. As duas são adotadas e tiradas de situação de risco.
E nesse meio tempo eu também me envolvi com proteção animal. Já resgatei cães, já doei alguns, já ajudei de outras formas mais uns outros… e essa atividade me faz bem, pois descobri que amo mesmo cachorro, amo de todo o meu coração e quero fazer o que eu puder, pras minhas duas filhas aqui em casa e pra todos que eu conseguir enxergar.

 

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Laurinha <3

*Laura, em toda sua finesse nas flores.

E com essa preocupação com os cães, um peso caiu sobre minha cabeça: Salvo os cães, mas o boi vai pro meu prato.

A frase é exatamente essa. Passa na minha cabeça praticamente em todas as refeições, em todas as vezes que vejo um cachorro na rua, ou seja, sempre. Me sinto hipócrita fazendo de tudo por cachorros e não me preocupando com outros animais. E se sentir hipócrita é uma coisa que consome a gente, faz mal. E eu não queria mais me sentir assim.
Então decidi que a hora era agora e que se eu queria mesmo parar de comer carne, precisava me planejar e me comprometer.

 

foto: reddit.com

foto: reddit.com

 

Pesquisei em sites sobre vegetarianismo e descobri que parar a carne vermelha era o primeiro passo. Então que fosse. E em agosto desse ano deixei de comer carne bovina e suína. Sim, o bacon foi nessa leva.

Nao achei difícil pular a vermelha, só fiquei um pouco preocupada em comer fora e ver um bacon, porque eu gosto muito de bacon. Como disse antes, carne é gostoso, né?
Então chegou o dia de enfrentar o bacon. Fui jantar na casa de uma amiga e esqueci de avisar que estava no processo, aí dei de cara com a minha pizza favorita da vida: Brócolis com Bacon. Tive um mini ataque de pânico, olhei pro André e ele foi bem direto: –Tira o bacon e come queijo e brócolis. Ponto final, sem dó nem piedade. Aliás a frase veio até com uma cara fechada junto.
Mas sabe de uma coisa? Foi ótimo, porque eu estava sentindo pena de mim mesma por não poder comer o bacon e ele jogou a real na minha cara. Eu quero uma mudança de vida e vou ficar sendo mimada? Não, não vou.

Tirei o bacon e comi a pizza, descobri alí que o medo era frescura minha mesmo. Não senti vontade de comer o bacon, fiquei feliz com o queijo sobre meu vegetal favorito.

Dessa situação saiu uma lição: quem quer mudar tem que ser forte e não pode sentir pena de si mesmo.

 

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Sabendo que eu estava tranquila pra continuar o processo, decidi ficar uns meses sem a carne vermelha pra me adaptar direitinho. Nesse meio tempo comecei a me consultar com uma nutricionista, expliquei que carne vermelha estava fora da minha alimentação e que queria fazer a transição suavemente, também mostrei minha preocupação com relação aos treino de MMT, que estou fazendo. A reação dela foi super positiva, disse que não tem problema nenhum treinar e ser vegetariano e me fez um cardápio livre de carne vermelha e rico em outras fontes de nutrientes, pra essa primeira etapa.

O cardápio está sendo tranquilo de seguir, ainda como frango e peixe, então as opções são legais. A carne vermelha ainda não fez falta nenhuma nesses dois meses longe dela, então acredito que nunca fará.

Resumindo tudo, estou muito feliz com meu progresso, já descobri que atividades físicas não são afetadas pela ausência de carne e, até agora, tudo está sendo bem tranquilo. E o melhor de tudo é que essa transição está me fazendo me sentir um tantinho menos hipócrita. É só um pouquinho, mas tenho fé que daqui a pouco esse sentimento vai me deixar de vez 🙂

E você, o que acha sobre a transição para o vegetarianismo? Estou querendo mostrar minhas receitas aqui, o que acha?

Beijo!

  1. Carolina disse:

    Karina, estava eu aqui procurando aquela saia lápis maravilhosa de neoprene e me deparo com esse POST. Tenho pensado muito em fazer essa transição, tentar mais uma vez, já que das outras vezes acabei desistindo pois cortei a carne de forma brusca, não fui aos poucos. Aí encontro teu texto! Acho que a hora é agora. Muito obrigada! Ah, e vou adorar se você postar as receitinhas! Beijo e parabéns pelo teu trabalho.

  2. Marisa disse:

    Oie. Sou vegetariana há 3 anos, pelos motivos que você, e o único arrependimento foi não ter mudado antes. Me sinto muito bem com essa escolha, e depois que parei de comer carne tenho prestado muito mais atenção no que como e procurado comer melhor. Super vale a pena a mudança!

  3. Leila disse:

    Muito legal eu venho pensando nisso a dias…poste mesmo receitas qum sabe fique mais fácil…Já ir se acostumando com as receitas e ir tir ando a carne de vez…

  4. Chell disse:

    Ser vegetariana tá numa vontade da minha vida, mas a médica hematologista não acha recomendável pra mim por conta de anemias constantes. =( ai me sinto fraca demais. ô vida dura. Um dia chego lá. Mas nesse meio tempo eu diminui muito meu consumo, o que já é bem bom =D

    Adorei saber das suas motivações =D

    • Karina Belarmino disse:

      Poxa, que pena 🙁
      Mas de repente, com o passar do tempo seu organismo vai mudando e você consegue. Vamos confiar 🙂

  5. Diana Santos disse:

    Ka, eu admiro muito você e seu trabalho, eu adorei essa nova transição, POSTA RECEITINHAS SIM VAMOS AMAR. Eu penso algumas vezes parar de comer carne, por questões espirituais que acredito, porém os hambúrgueres ainda são minha perdição, espero que eu possa me inspirar em voce e quem sabe consiga também. Bjão você é linda

    • Karina Belarmino disse:

      Oi Diana, vou me organizar pra postar receitas sim!
      Quanto a parar de comer, como eu disse no post, infelizmente não deixamos de comer pq o sabor é ruim, os motivos são outros, né?
      Mas olha, vale a pena deixar uma coisa gostosa de lado, pra ver coisas que acreditamos sendo aplicadas em nossas vidas!
      Um beijo

  6. Jéssica disse:

    Parei de comer carne quando tinha 5 anos, por vontade própria. É engraçado porque quando falo isso poucos acreditam, uma criança parar de comer carne assim. Na verdade foi algo da minha consciência sabe, eu me assustei quando fui ao supermercado com a minha mãe pela primeira vez e vi uma cabeça de porco no açougue, depois disso toda vez que via um pedaço de carne lembrava que aquilo já tinha sido um animal com vida e não conseguia mais comer. Foi bem difícil, ninguém da minha família é vegetariano e todos adoram um churrasco, me tratavam como se eu fosse a criança doente, minha avó me levava pra fazer exames de sangue todo mês achando que eu teria anemia. Olha só, isso de ficar doente é o maior mito, só acontece se você não fazer suas refeições direito, tanto que eu com 20 anos (15 anos sendo vegetariana) nunca tive anemia e pessoas da minha família que comem carne já tiveram. Então siga forte nesse caminho, pode ser difícil agora, mas é bem gratificante!

    • Karina Belarmino disse:

      Que legal, Jéssica! Até agora está sendo bem fácil, na verdade. Em dezembro eu paro o frango, vamos ver como vai ser. Mas eu vou contando tudo aqui 🙂

  7. Livia disse:

    mt legal saber que vc está passando por esse momento de conscientização e transição, eu sou vegetariana ha mais de 10 anos e hj em dia está mt mais facil encontrar opções
    http://www.tofucolorido.com.br
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